Fichamento
Os Alemães
Nasceu em Breslau na Alemanha em
1897
Faleceu em 1990 nos Países Baixos
Teve formação de base nas áreas da
medicina, filosofia, psicologia e sociologia.
Lecionou na Universidade de
Heidelberg e na de Frankfurt
Com a ascensão do nazismo ele
abandonou a Alemanha em 1933
Após o fim da segunda guerra
mundial voltou a lecionar na universidade de Leicester, depois na do
Ghana,
depois em Zentrum für Interdisziplinare Forschung em Bielefeld na Alemanha.
Os pensamentos de Max Weber e de Freud
estão muito presentes sociologia de Elias.
As suas obras principais: Über der Prozess der Zivilisation (1939); Die
Höfische Gesellschaft (1969);
Was ist Soziologie? (1970); The Loneliness of
Dying (1982); Involvement and Detachment (1986); Die Gesellschaft der
Individuen; Studien über die Deutschen (1989).
Os Alemães (Studien über die
Deutschen) – “Os alemães é a obra mais
importante de Norbert Elias desde a publicação de O processo civilizador.”
Publicado em 1989 exatamente 50
anos após O processo civilizador e um ano antes da morte de Norbert Eias.
O livro não é uma escrita continua,
é uma seleção de ensaios feitos por Elias, alguns ao longo de 30 anos, “O
colapso da civilização” por exemplo foi inspirado pelo julgamento de Adolf
Eichmann em Jerusalém.
O livro fala do habitus (Habitus
que significa segunda natureza ou saber social incorporado) alemão, a luta pelo
poder, no século XIX e XX, lembrando que Elias perdeu sua família durante o
holocausto. Também fala muito da WW2, retratando-a como uma catástrofe, algo
muito ruim para a Alemanha, que perdeu cerca de um terço de sua população e
empobreceu muito.
Elias deixa bem evidente sua
opinião sobre o habitus alemão durante o decorrer do livro, principalmente no
começo quando analisa as guerras de um forma causa-efeito ou forte-fraco,
mostra que os alemães como um país eram bem arrogantemente unificados e seguros
de si, mesmo que isso tenha atrasado seu desenvolvimento grandemente comparado
com países como França, por exemplo e também relaciona outros diversos fatores
caracterizando-os como defeitos ou coisas ruins no decorrer da história da
Alemanhã e da formação do seu habitus nacional.
Citação de Elias:
P. 205 “Em Geãchteten (Os
proscritos), de Salomon, há uma descrição seletiva dos preparativos para o
atentado contra Rathenau, e o desapontamento do autor com a reação
insatisfatória ao ato, depois que foi perpetrado. Salomon relata como saiu em
busca dos assassinos, seus amigos, a fim de ajudá-los. No trem, ao ouvir da
morte violenta deles, seguiu viagem tomado de profundo desespero e, já meio
febril, teve de suportar os comentários triviais dos demais passageiros a
respeito do que acontecera.”
“Esse mundo rançoso, abominável,
tinha de ser aniquilado. (...) Não mais havia pessoas •— somente máscaras. Na
verdade, já está aí, a uniformidade de tudo o que é refletido. Os alemães pelo
rosto humano. Nada havia a fazer senão abrir fogo bem no meio dessa corja e
destruí-la, fria e sistematicamente. A Terra já não aceita mais demônios. (...)
Por que não assinar o contrato infernal?
O meu desejo seria de
invisibilidade—se ao menos houvesse algum meio de consegui-la! — algum ungüento
mágico, ou um anel que se pudesse rodar no dedo — uma capa de invisibilidade,
dedicada não a Siegfried, mas a Hagen — talvez a pedra filosofal, que eu
pudesse meter na boca para ficar invisível! E um farol deve ser aceso em
memória de Kern [um dos assassinos], um sinal brilhando sobre o amontoado de
ruínas — nas cidades, archotes devem arder ruas abaixo, ruas acima, e os
bacilos da peste jogados nos poços. O Deus da Vingança tem seus anjos da morte
— eu alistar-me-ia nesse batalhão. Nenhuma cruz de sangue nas ombreiras das
portas serviria de salvaguarda. Explosivos seriam colocados sob este purê
fedorento, em decomposição, para que a imundície, assim esparramada, salpicasse
a lua. Como passaria o mundo sem gente? Eu vagaria pelos lugares fumegantes,
pelas cidades esquálidas, despovoadas, em que a pestilência dos cadáveres
sufocaria o que quer que ainda respirasse. Toda a sucata penderia então em
melancólicos farrapos dos muros rachados, pondo a nu os desejos vazios. Eu
poria em movimento todas as máquinas nas oficinas mortas e deixá-las-ia rugindo
até se destruírem a si mesmas. Acenderia as fornalhas de duas locomotivas e
faria dois trens correrem um contra o outro, erguerem-se, tombarem um sobre o
outro e irem chocar-se, feitos sucata, contra o talude da ferrovia; navios
gigantescos, transatlânticos, essas maravilhas do mundo moderno, pô-los-ia
avante a todo o vapor no rumo das muralhas do cais, para que seus reluzentes
costados fossem retalhados e eles desaparecessem num fervilhante sumidouro. A
Terra ficaria de cara limpa, de modo que nada restasse da obra de mãos humanas.
Talvez uma nova raça venha da lua ou de Marte... Bem, que venham — o mundo
voltaria, uma vez mais, a ter um significado.” Os Proscritos de Salomon
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