Universidade Federal do Sul da Bahia

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domingo, 8 de maio de 2016


Fichamento


Os Alemães




Nasceu em Breslau na Alemanha em 1897

Faleceu em 1990 nos Países Baixos

Teve formação de base nas áreas da medicina, filosofia, psicologia e sociologia.

Lecionou na Universidade de Heidelberg e na de Frankfurt

Com a ascensão do nazismo ele abandonou a Alemanha em 1933

Após o fim da segunda guerra mundial voltou a lecionar na universidade de Leicester, depois na do 
Ghana, depois em Zentrum für Interdisziplinare Forschung em Bielefeld na Alemanha.

Os pensamentos de Max Weber e de Freud estão muito presentes sociologia de Elias.

As suas obras principais: Über der Prozess der Zivilisation (1939); Die Höfische Gesellschaft (1969); 
Was ist Soziologie? (1970); The Loneliness of Dying (1982); Involvement and Detachment (1986); Die Gesellschaft der Individuen; Studien über die Deutschen (1989).

Os Alemães (Studien über die Deutschen)  – “Os alemães é a obra mais importante de Norbert Elias desde a publicação de O processo civilizador.”


Publicado em 1989 exatamente 50 anos após O processo civilizador e um ano antes da morte de Norbert Eias.

O livro não é uma escrita continua, é uma seleção de ensaios feitos por Elias, alguns ao longo de 30 anos, “O colapso da civilização” por exemplo foi inspirado pelo julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém.

O livro fala do habitus (Habitus que significa segunda natureza ou saber social incorporado) alemão, a luta pelo poder, no século XIX e XX, lembrando que Elias perdeu sua família durante o holocausto. Também fala muito da WW2, retratando-a como uma catástrofe, algo muito ruim para a Alemanha, que perdeu cerca de um terço de sua população e empobreceu muito.

Elias deixa bem evidente sua opinião sobre o habitus alemão durante o decorrer do livro, principalmente no começo quando analisa as guerras de um forma causa-efeito ou forte-fraco, mostra que os alemães como um país eram bem arrogantemente unificados e seguros de si, mesmo que isso tenha atrasado seu desenvolvimento grandemente comparado com países como França, por exemplo e também relaciona outros diversos fatores caracterizando-os como defeitos ou coisas ruins no decorrer da história da Alemanhã e da formação do seu habitus nacional.


Citação de Elias:

P. 205 “Em Geãchteten (Os proscritos), de Salomon, há uma descrição seletiva dos preparativos para o atentado contra Rathenau, e o desapontamento do autor com a reação insatisfatória ao ato, depois que foi perpetrado. Salomon relata como saiu em busca dos assassinos, seus amigos, a fim de ajudá-los. No trem, ao ouvir da morte violenta deles, seguiu viagem tomado de profundo desespero e, já meio febril, teve de suportar os comentários triviais dos demais passageiros a respeito do que acontecera.”

“Esse mundo rançoso, abominável, tinha de ser aniquilado. (...) Não mais havia pessoas •— somente máscaras. Na verdade, já está aí, a uniformidade de tudo o que é refletido. Os alemães pelo rosto humano. Nada havia a fazer senão abrir fogo bem no meio dessa corja e destruí-la, fria e sistematicamente. A Terra já não aceita mais demônios. (...) Por que não assinar o contrato infernal? 

O meu desejo seria de invisibilidade—se ao menos houvesse algum meio de consegui-la! — algum ungüento mágico, ou um anel que se pudesse rodar no dedo — uma capa de invisibilidade, dedicada não a Siegfried, mas a Hagen — talvez a pedra filosofal, que eu pudesse meter na boca para ficar invisível! E um farol deve ser aceso em memória de Kern [um dos assassinos], um sinal brilhando sobre o amontoado de ruínas — nas cidades, archotes devem arder ruas abaixo, ruas acima, e os bacilos da peste jogados nos poços. O Deus da Vingança tem seus anjos da morte — eu alistar-me-ia nesse batalhão. Nenhuma cruz de sangue nas ombreiras das portas serviria de salvaguarda. Explosivos seriam colocados sob este purê fedorento, em decomposição, para que a imundície, assim esparramada, salpicasse a lua. Como passaria o mundo sem gente? Eu vagaria pelos lugares fumegantes, pelas cidades esquálidas, despovoadas, em que a pestilência dos cadáveres sufocaria o que quer que ainda respirasse. Toda a sucata penderia então em melancólicos farrapos dos muros rachados, pondo a nu os desejos vazios. Eu poria em movimento todas as máquinas nas oficinas mortas e deixá-las-ia rugindo até se destruírem a si mesmas. Acenderia as fornalhas de duas locomotivas e faria dois trens correrem um contra o outro, erguerem-se, tombarem um sobre o outro e irem chocar-se, feitos sucata, contra o talude da ferrovia; navios gigantescos, transatlânticos, essas maravilhas do mundo moderno, pô-los-ia avante a todo o vapor no rumo das muralhas do cais, para que seus reluzentes costados fossem retalhados e eles desaparecessem num fervilhante sumidouro. A Terra ficaria de cara limpa, de modo que nada restasse da obra de mãos humanas. Talvez uma nova raça venha da lua ou de Marte... Bem, que venham — o mundo voltaria, uma vez mais, a ter um significado.” Os Proscritos de Salomon



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