Universidade Federal do Sul da Bahia

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domingo, 8 de maio de 2016

Comparação entre as Escolas


Escola Evolucionista

Henry Morgan é um dos fundadores da escola evolucionista da antropologia moderna. Nascido nos Estados Unidos no século XIX e formado em direito. Os outros fundadores são Edward burnett Tylor e James George Frazer.
Essa escola é grandemente influenciada por outras ciências da mesma época. Darwin lançou sua teoria da evolução, que todos seres que hoje existem vem de uma evolução na luta pela sobrevivência, na mesma época de Morgan, o que não é coincidência nem desconexo afinal a escola é denominada evolucionista.
“Progresso, degradação, sobrevivência, renascimento e modificação são, todos eles, aspectos da conexão que liga a complexa rede da civilização. Basta uma olhada nos detalhes triviais de nossa própria vida diária para nos pormos a pensar 0 quanto somos nós realmente seus originadores e o quanto somos apenas os transmissores e modificadores dos resultados de eras muito antigas. Olhando à nossa volta, nos ambientes em que vivemos, podemos verificar o quanto aquele que conhece apenas o seu tempo pode ser capaz de corretamente compreendê-lo.”  A Ciência da cultura 1871 Tylor, E.
Morgan expande o conceito de evolução a partir da luta pela sobrevivência para o âmbito social. Para ele as sociedades também têm seus processos e estágios de evolução: selvageria depois barbárie depois civilização.
Selvageria já diz muito apenas no nome, em síntese, é o estágio mais animalesco e primitivo da humanidade. Só começa a ser barbárie a partir da invenção da cerâmica e só passa a ser civilização depois de inventar o processo de fundição de ferro com a invenção do alfabeto fonético e o uso da escrita.
“A idéia de propriedade passou por um crescimento e um desenvolvimento semelhantes. Começando do zero, na selvageria, a paixão pela propriedade, como representando a subsistência acumulada, tornou-se agora dominante na mente humana nas raças civilizadas.”, A Sociedade Antiga, Morgan, H.
Os estágios da raça humana não são soltos, é natural que ocorra o progresso, que se passe de um para o outro a partir de necessidades que surgem a partir de cada progresso e cada luta e assim de forma sempre contínua e ascendente.
“Na verdade, comparado com o homem em seu estado absolutamente prístino, mesmo o mais selvagem dos selvagens de hoje é, sem dúvida, um ser altamente desenvolvido e culto, já que todas as evidências e todas as probabilidades estão a favor da idéia de que toda raça existente de homens, da mais rude à mais civilizada, alcançou seu presente nível de cultura, seja ele alto ou baixo, apenas após um lento e doloroso progresso ascendente, que deve ter se estendido por muitos milhares, talvez milhões, de anos.” O Escopo da Antropologia Social, Frazer, J, 1908.

Escola Funcionalista

Numa época um pouco depois do surgimento da escola evolucionista, os britânicos Radcliff Brown e Bronislaw Kasper Malinowski, a partir de uma abordagem diferente envolvendo mais trabalho de campo e menos de gabinete trouxeram o funcionalismo.
Na teoria do funcionalismo de Malinowski, tudo na sociedade tem sua função, tudo serve para alguma coisa e nada fica desencaixado nem desconexo. Cada sociedade tem suas partes, pedaços ou órgãos, exercendo suas determinadas funções, o que claramente mostra a influência de Durkheim no desenvolvimento da sua teoria.
”Em qualquer uma de suas formas, o funcionalismo está estreitamente vinculado ao trabalho de campo. Isso não quer dizer, entretanto, que o funcionalismo se reduza a uma técnica de pesquisa. Mesmo em Malinowski, que é o etnógrafo por excelência, a crítica à antropologia clássica e a formulação de novos problemas teóricos procedem seu trabalho de campo”. Malinowski, B. 1922.
Além disso, a partir de Malinowski os antropólogos param de apenas escrever suas teses e teorias a partir de viagens de outros e passam a ir por conta própria.
Dessa forma a escola do funcionalismo além de uma teoria fundamental da antropologia ainda é um método de pesquisa, caracterizado pela necessidade de observação participante, ver a sociedade de dentro e não de relatos, estar presente nas ações do cotidiano, falar o idioma.
Para Malinowski o bom pesquisador deve praticamente se tornar um membro temporário daquela comunidade que deseja estudar para não ficar com nada de fora, pois para ele o olhar de dentro é o mais revelador.
Inovar não é fácil e nem pacifico, apesar de que suas ideias sejam de certo modo coerentes e podem ser facilmente juntadas com as de Malinowski, Brown critica grandemente Malinowski em seu livro: “Apontaram-me mais de uma vez como pertencendo à chamada ‘Escola Funcional de Antropologia Social’ e mesmo como seu chefe, ou um de seus chefes. Essa escola funcional não existe, em realidade; é um mito inventado pelo professor Malinowski. Eis o que ele próprio disse a respeito: ‘o pomposo título de Escola Funcional de Antropologia foi por mim atribuído de certo modo a mim mesmo, e, em grande parte, mercê de meu próprio senso de irresponsabilidade’. A irresponsabilidade do professor Malinowski deu resultados infelizes, desde que espalhou sobre a Antropologia densa névoa de discussão a respeito do ‘funcionalismo’”. Estrutura Social, Brown, R.
Isto dito, voltemos às ideias de Brown, que também claramente influenciadas por Durkheim, revelam semelhanças com esse funcionalismo “inexistente”, ainda no mesmo livro pouco depois de criticar Malinowski, Brown disse: “Quanto à definição preliminar de fenômenos sociais, parece suficientemente claro que o de que temos de nos ocupar são as relações de associação entre organismos individuais. Numa colméia há relações associativas da rainha, as operárias e os zangões. Há a associação de animais num rebanho, e a da gata com seus gatinhos. Trata-se de fenômenos sociais; não creio que alguém os chamará de fenômenos culturais. Na Antropologia, é claro, só nos ocupamos com seres humanos, e na Antropologia Social, como a defino, o que temos de investigar são as formas de associação que se encontram entre seres humanos”.  Estrutura Social, Brown, R. 
Quando Brown diz fenômenos sociais, inteiração entre seres humanos, fenômenos culturais e ainda compara a sociedade com uma colmeia que é um tipo de sociedade claramente funcionalista, é nesse ponto que o conceito de sociedade mecânica de Durkheim aparece e praticamente une as ideias de Brown e Malinowski. As ideias dos dois sempre remetem à sociedade como um organismo, tudo ligado, tudo conectado, tudo dependendo um do outro, com várias palavras diferentes, vários caminhos percorridos, várias críticas e tudo mais no final a ideia que se sobressai ainda é a original de Durkheim.
O pensamento ocidental costuma ser binário, ao comparar coisas principalmente, tende a colocar um como certo outro como errado. O problema de se comparar escolas da antropologia é esse, cada uma tem seu ponto forte e seu ponto fraco, cada uma foi usada para uma forma de alcançar um objetivo, entretanto, ainda fica uma dúvida escondida lá atrás: Afinal qual das duas é a melhor?

O pensamento ocidental binário não deve ser usado aqui, afinal existem outras escolas, outros métodos, outros pensadores e fundadores, não se deve aceitar uma nem outra, desmentir uma e acreditar na outra, todas que foram criadas tem sua melhor forma de ser usada, cabe a quem for usar entender todas elas, para não ter um pensamento fechado, nem de gabinete de mais, nem mecânico de mais, todas possibilidades estão disponíveis para serem usadas.

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